Muito tem
se falado do exagero nos tempos de hoje, e, vamos ser sincero, quem é que não é
exagerado em alguma coisa? O grande poeta Cazuza, com suas letras
inesquecíveis, não deixou de nos lembrar, o quanto o amor precisa ser
exagerado, e acabou por compor certa vez:
“Exagerado
Jogado
aos teus pés
Eu sou
mesmo exagerado
Adoro um
amor inventado”
Esta música é incrível no seu entendimento poético! Cazuza
nada mais, nada menos, relatou, na música, o dilema que acontece em nosso
interior. Mas minha grande inquietação da semana é nos exageros de Jesus, e,
sendo bem sincero, quem nunca pensou que ele fosse exagerado, que atire a
primeira pedra. Eu sei que o trocadilho da “primeira pedra” é um exagero, e, eu
queria que você pensasse nisto, juntamente com meu exagero. Leia este texto
comigo:
"Vocês
ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’. Mas eu lhes digo: qualquer que olhar
para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. Se
o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder
uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão
direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu
corpo do que ir todo ele para o inferno". (Mateus 5:27 a 30)
Já vou logo dar
um spoiler: Jesus não é exagerado. Você entendeu este
texto melhor do que acha, quer ver só? Antes de uma explicação, precisamos
entender o que é uma hipérbole. Hipérbole é todo exagero em cima de uma ideia,
para gerar entendimento do que está sendo expresso. Por isso, acho que
“exagero” é uma palavra que, nos tempos de hoje, foi rotulada como algo
negativo, mas pense comigo, no sentido de demasiado ou excessivo. Jesus, na
passagem citada acima, está num contexto em que, no sermão da montanha, comenta
sobre o adultério, a partir da torá, para, enfim, chegar até o casamento e o
divórcio. Uma coisa você pode ter certeza: você, aqui, antes de querer arrancar
uma parte do seu corpo, entenda que Jesus é contra o pecado, e este é somente o
que ele quer arrancar.
No sec. I, era muito comum o uso da hipérbole, com a
intenção de transmitir uma mensagem. Não querendo fazer ligação, podemos
perceber que, muitos dos mitos gregos são cercados de exageros, mas claro, são
mitos. Você vai entender melhor quando observar àquela famosa passagem de
Mateus 16.
Desde aquele momento, Jesus começou a explicar aos seus
discípulos que, era necessário que ele fosse para Jerusalém e sofresse nas mãos
dos líderes religiosos, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse
morto e ressuscitasse no terceiro dia;
Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo,
dizendo: "Nunca, Senhor! Isso nunca te acontecerá!"
Jesus virou-se e disse a Pedro:
"Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, e não pensa
nas coisas de Deus, mas nas dos homens".
(Mateus 16: 21 a 23)
Quem nunca
ficou confuso neste texto, hein? Porque se você pensar bem, Pedro, nos dois
versículos anteriores, foi elogiado, e ainda chamado de “bem-aventurado”, por
ter sido revelado pelo espírito, à compreensão de que Cristo é a Pedra que está
sob sua igreja.
No comentário
do contexto histórico-cultural, do autor Craig Keener, de publicação da editora
Vida Nova, ele vai concordar com a ideia que tenho mostrado, no sentido de que,
o costume da época fazia Jesus utilizar as hipérboles, não só para entendimento
de muitos como também para o seu desentendimento. Quanto a isto, nem quero
entrar nesses méritos.
Jesus, ao
chamar Pedro de Satanás, está provocando uma hipérbole, ao comparar a atitude
de Pedro como “bem-intencionada” aos planos do maligno. O problema de
acreditarmos que Pedro é tomado pelo diabo para falar tais palavras, e que
chega a soar um tanto como sugestivo a uma autoridade de Satanás, de um poder
além da base bíblica que temos. Uma boa base seria a tentação em Mateus 4, e
também é muito incoerente, hoje, com nossa realidade cristã. Satanás não tem
tal autoridade.
Em certo
sentido, a vida com Jesus é um exagero. Em algumas pessoas, eu vejo como um
excesso de legalismo, em outras, uma demasiada soberba ao falar do amor de
Deus, e não levar a realidade do amor d’Ele. Mas em minha vida, eu tenho visto
a exagerada misericórdia e o abundante amor.
“Que o exagero
de Deus, em nossas vidas, seja sempre mesmo exagerado.”
Escrito por: Anderson
Revisado por:
Cleber Soares