sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O exagerado chamado Jesus

Muito tem se falado do exagero nos tempos de hoje, e, vamos ser sincero, quem é que não é exagerado em alguma coisa? O grande poeta Cazuza, com suas letras inesquecíveis, não deixou de nos lembrar, o quanto o amor precisa ser exagerado, e acabou por compor certa vez:

“Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado”

Esta música é incrível no seu entendimento poético! Cazuza nada mais, nada menos, relatou, na música, o dilema que acontece em nosso interior. Mas minha grande inquietação da semana é nos exageros de Jesus, e, sendo bem sincero, quem nunca pensou que ele fosse exagerado, que atire a primeira pedra. Eu sei que o trocadilho da “primeira pedra” é um exagero, e, eu queria que você pensasse nisto, juntamente com meu exagero. Leia este texto comigo:

"Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’. Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno". (Mateus 5:27 a 30)

Já vou logo dar um spoiler: Jesus não é exagerado. Você entendeu este texto melhor do que acha, quer ver só? Antes de uma explicação, precisamos entender o que é uma hipérbole. Hipérbole é todo exagero em cima de uma ideia, para gerar entendimento do que está sendo expresso. Por isso, acho que “exagero” é uma palavra que, nos tempos de hoje, foi rotulada como algo negativo, mas pense comigo, no sentido de demasiado ou excessivo. Jesus, na passagem citada acima, está num contexto em que, no sermão da montanha, comenta sobre o adultério, a partir da torá, para, enfim, chegar até o casamento e o divórcio. Uma coisa você pode ter certeza: você, aqui, antes de querer arrancar uma parte do seu corpo, entenda que Jesus é contra o pecado, e este é somente o que ele quer arrancar.

No sec. I, era muito comum o uso da hipérbole, com a intenção de transmitir uma mensagem. Não querendo fazer ligação, podemos perceber que, muitos dos mitos gregos são cercados de exageros, mas claro, são mitos. Você vai entender melhor quando observar àquela famosa passagem de Mateus 16. 

Desde aquele momento, Jesus começou a explicar aos seus discípulos que, era necessário que ele fosse para Jerusalém e sofresse nas mãos dos líderes religiosos, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse no terceiro dia;

Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: "Nunca, Senhor! Isso nunca te acontecerá!"
Jesus virou-se e disse a Pedro: "Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, e não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens".
(Mateus 16: 21 a 23)

Quem nunca ficou confuso neste texto, hein? Porque se você pensar bem, Pedro, nos dois versículos anteriores, foi elogiado, e ainda chamado de “bem-aventurado”, por ter sido revelado pelo espírito, à compreensão de que Cristo é a Pedra que está sob sua igreja.

No comentário do contexto histórico-cultural, do autor Craig Keener, de publicação da editora Vida Nova, ele vai concordar com a ideia que tenho mostrado, no sentido de que, o costume da época fazia Jesus utilizar as hipérboles, não só para entendimento de muitos como também para o seu desentendimento. Quanto a isto, nem quero entrar nesses méritos.

Jesus, ao chamar Pedro de Satanás, está provocando uma hipérbole, ao comparar a atitude de Pedro como “bem-intencionada” aos planos do maligno. O problema de acreditarmos que Pedro é tomado pelo diabo para falar tais palavras, e que chega a soar um tanto como sugestivo a uma autoridade de Satanás, de um poder além da base bíblica que temos. Uma boa base seria a tentação em Mateus 4, e também é muito incoerente, hoje, com nossa realidade cristã. Satanás não tem tal autoridade.

Em certo sentido, a vida com Jesus é um exagero. Em algumas pessoas, eu vejo como um excesso de legalismo, em outras, uma demasiada soberba ao falar do amor de Deus, e não levar a realidade do amor d’Ele. Mas em minha vida, eu tenho visto a exagerada misericórdia e o abundante amor.
                                                             
“Que o exagero de Deus, em nossas vidas, seja sempre mesmo exagerado.”

                         Escrito por: Anderson 


Revisado por: Cleber Soares

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