Talvez você se pergunte por que justamente esse tema, e o que
implicaria falar de uma dieta? Certas coisas tem um significado mais profundo
do que imaginamos, se formos no grego a origem da palavra dieta está atado a
“modo de vida” ou “modo de viver”, e modo de vida tem a ver com tudo. Ainda
sobre a reforma e aproveitando o mês em que fazemos 500 anos desse marco, que
retrata mais um momento da vida de Martinho Lutero, a quem dos reformadores
acabamos estudando um pouco mais.
Incluir dieta na introdução, está conectado a um dos momentos
mais complicados da vida de Lutero, a famosa Dieta de Worms. Só para a gente
não se perder e seguir uma mesma linha de pensamento. Após Martinho Lutero
pregar as 95 teses em latim, no dia 31 de outubro de 1517, no castelo de
Wittenberg, aonde eram colocados geralmente avisos, e numa velocidade imensa
essas teses perpassam por toda Europa, graças a alguém que traduziu as teses
colocou na imprensa, e muitos chegam a comparar a velocidade do fenômeno como a
da internet. Lembrando que ainda em 1517 Lutero não tinha ainda concluído em
seus estudos a justificação pela fé. Seguindo uma pouco mais e tratando
resumidamente, as teses chegam as mãos do papa e envia um representante da
igreja (cardeal Cajetano) solicitando que Lutero se retrate dos seus escritos,
e Lutero pela primeira vez, vai se recusar se retratar. Depois de haver passado
debates, livros lançados por Lutero, na
primavera de 1521, teremos a dieta de Worms na Alemanha, e o ponto do qual eu
queria chegar.
A dieta de Worms, em relação a Lutero, foi especificamente o
pedido para que se retratasse diante de alguns representantes da igreja, o
imperador Calos V e alguns príncipes da Germânia. Fato é que nosso reformador,
dotado de grande estratégia, após ter todos seus escritos mostrados diante de
todos, cercado de tamanha certeza e estratégia, parafraseando o reformador
“Retratasse de exatamente o que? Ali havia comentários bíblicos, devocionais,
livros etc. Precisava de apenas um dia para analisar tudo” Lutero com sua ideia
de pegar todos desprevenidos, e ganhar tempo, acabam por conceber. No dia
seguinte como já não dava mais para esperar e o que já era inevitável, ele diz
a seguinte frase tão eloquente “...A menos que se me convença por testemunho da Escritura ou
por razões evidentes – posto que não creio no papa nem nos concílios somente,
já que está claro que eles têm se equivocado com frequência e tem se contradito
entre eles mesmos -, estou acorrentado pelos textos escriturísticos que tenho
citado e minha consciência é uma escrava da palavra de Deus. Não posso nem
quero retratar-me em nada, porque não é seguro nem honesto atuar contra a
própria consciência. Que Deus me ajude. Amém” está é a frase celebre de Lutero, que o que muitos vão falar que é o fim da
chamada idade média, é claro que acho um tanto tendencioso pensar dessa forma,
mas é fato que após isso ele é de fato condenado pelos seus escritos.
Os dois parágrafos acima, é na verdade o famoso dito popular
“resumo do resumo”, na realidade eu quero trazer luz os princípios da reforma
neste momento e não a história com ricos detalhes. Durante muito tempo eu vi um
Lutero nervoso diante de um imperador e os representantes do clero, alguém que
sabia todo o poder da igreja, e que até em seu livro publicado antes mesmo da
dieta “Do cativeiro babilônico da igreja” no qual retrata por completo o clero
católico. Lutero sabia o que poderia acontecer, e como diria um certo professor
meu “O medo bateu a porta daquele coração”, e olhando todo seu histórico
conclui que sempre foi alguém com medo e paranoico. Mas recentemente estudando
Lutero novamente e seguindo até novas fontes, eu penso no Lutero guiado por
Deus, é claro que a pessoa de nosso reformador terá seus excessos, cometerá
seus “vacilos”, contudo não posso abandonar a premissa que Deus usa a
imperfeição humana para guiar a história sob sua perfeição, e além do mais
tenho como forte convicção o que palavra de Deus vai dizer em 2 Timóteo 1: 7-8:
“...Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de
poder, de amor e de equilíbrio.
Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem
de mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os sofrimentos pelo
evangelho, segundo o poder de Deus...”
Quando olhos essas duas premissas eu sou obrigado, a ver a
história não com anacronismo, mas pela Soberania de Deus, que usa pecadores
corrompidos, para serem alvos de sua justiça, que toma o meu pecado e cede sua
luz, justiça e amor para com minha vida. Agora vejo um Lutero não desamparado,
não obstante, firme em Deus o qual ele vai chamar de “castelo forte e refúgio”,
não há nenhuma tentativa de “romantizar” essa história, acredito que a fala
final defina sob qual era realmente a intenção do reformador alemão. De maneira
prática que possamos nos posicionar diante dos fatos contrários, que requerem
uma posição nossa a qual Deus nos cobra, que a luz de Deus nos ilumine e nos
faça ferramentas em suas mãos para reformar, seguindo o lema da reforma “sempre
reformando”, e que a cima de tudo, diante das dietas possamos mostrar o modo
correto de viver.
Anderson Mattos
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