segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A vida requer alguma dieta

Talvez você se pergunte por que justamente esse tema, e o que implicaria falar de uma dieta? Certas coisas tem um significado mais profundo do que imaginamos, se formos no grego a origem da palavra dieta está atado a “modo de vida” ou “modo de viver”, e modo de vida tem a ver com tudo. Ainda sobre a reforma e aproveitando o mês em que fazemos 500 anos desse marco, que retrata mais um momento da vida de Martinho Lutero, a quem dos reformadores acabamos estudando um pouco mais.

Incluir dieta na introdução, está conectado a um dos momentos mais complicados da vida de Lutero, a famosa Dieta de Worms. Só para a gente não se perder e seguir uma mesma linha de pensamento. Após Martinho Lutero pregar as 95 teses em latim, no dia 31 de outubro de 1517, no castelo de Wittenberg, aonde eram colocados geralmente avisos, e numa velocidade imensa essas teses perpassam por toda Europa, graças a alguém que traduziu as teses colocou na imprensa, e muitos chegam a comparar a velocidade do fenômeno como a da internet. Lembrando que ainda em 1517 Lutero não tinha ainda concluído em seus estudos a justificação pela fé. Seguindo uma pouco mais e tratando resumidamente, as teses chegam as mãos do papa e envia um representante da igreja (cardeal Cajetano) solicitando que Lutero se retrate dos seus escritos, e Lutero pela primeira vez, vai se recusar se retratar. Depois de haver passado debates, livros lançados por Lutero, na primavera de 1521, teremos a dieta de Worms na Alemanha, e o ponto do qual eu queria chegar.

A dieta de Worms, em relação a Lutero, foi especificamente o pedido para que se retratasse diante de alguns representantes da igreja, o imperador Calos V e alguns príncipes da Germânia. Fato é que nosso reformador, dotado de grande estratégia, após ter todos seus escritos mostrados diante de todos, cercado de tamanha certeza e estratégia, parafraseando o reformador “Retratasse de exatamente o que? Ali havia comentários bíblicos, devocionais, livros etc. Precisava de apenas um dia para analisar tudo” Lutero com sua ideia de pegar todos desprevenidos, e ganhar tempo, acabam por conceber. No dia seguinte como já não dava mais para esperar e o que já era inevitável, ele diz a seguinte frase tão eloquente “...A menos que se me convença por testemunho da Escritura ou por razões evidentes – posto que não creio no papa nem nos concílios somente, já que está claro que eles têm se equivocado com frequência e tem se contradito entre eles mesmos -, estou acorrentado pelos textos escriturísticos que tenho citado e minha consciência é uma escrava da palavra de Deus. Não posso nem quero retratar-me em nada, porque não é seguro nem honesto atuar contra a própria consciência. Que Deus me ajude. Amém” está é a frase celebre de Luteroque o que muitos vão falar que é o fim da chamada idade média, é claro que acho um tanto tendencioso pensar dessa forma, mas é fato que após isso ele é de fato condenado pelos seus escritos.

Os dois parágrafos acima, é na verdade o famoso dito popular “resumo do resumo”, na realidade eu quero trazer luz os princípios da reforma neste momento e não a história com ricos detalhes. Durante muito tempo eu vi um Lutero nervoso diante de um imperador e os representantes do clero, alguém que sabia todo o poder da igreja, e que até em seu livro publicado antes mesmo da dieta “Do cativeiro babilônico da igreja” no qual retrata por completo o clero católico. Lutero sabia o que poderia acontecer, e como diria um certo professor meu “O medo bateu a porta daquele coração”, e olhando todo seu histórico conclui que sempre foi alguém com medo e paranoico. Mas recentemente estudando Lutero novamente e seguindo até novas fontes, eu penso no Lutero guiado por Deus, é claro que a pessoa de nosso reformador terá seus excessos, cometerá seus “vacilos”, contudo não posso abandonar a premissa que Deus usa a imperfeição humana para guiar a história sob sua perfeição, e além do mais tenho como forte convicção o que palavra de Deus vai dizer em 2 Timóteo 1: 7-8:

“...Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.
Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de Deus...”

Quando olhos essas duas premissas eu sou obrigado, a ver a história não com anacronismo, mas pela Soberania de Deus, que usa pecadores corrompidos, para serem alvos de sua justiça, que toma o meu pecado e cede sua luz, justiça e amor para com minha vida. Agora vejo um Lutero não desamparado, não obstante, firme em Deus o qual ele vai chamar de “castelo forte e refúgio”, não há nenhuma tentativa de “romantizar” essa história, acredito que a fala final defina sob qual era realmente a intenção do reformador alemão. De maneira prática que possamos nos posicionar diante dos fatos contrários, que requerem uma posição nossa a qual Deus nos cobra, que a luz de Deus nos ilumine e nos faça ferramentas em suas mãos para reformar, seguindo o lema da reforma “sempre reformando”, e que a cima de tudo, diante das dietas possamos mostrar o modo correto de viver.


Anderson Mattos









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